Sonoluminescência – O poder do sol em uma garrafa?
Por Mustafá Ali Kanso em
21.10.2013
as 1:14
Sonoluminescência – O poder do sol em uma garrafa?
Tecnicamente podemos conceituar a sonoluminescência como uma técnica capaz de transformar energia sonora em energia luminosa.É produzido pela ação do ultrassom sobre uma bolha de ar microscópica (na ordem de 0,0005 milímetros) suspensa no interior de algum líquido não metálico, como a água, por exemplo, e a consequente produção de flashes luminosos de elevada frequência.
Para produzir sonoluminescência coerente, essa bolha de ar deve estar suspensa na água e ser bombardeada por ondas acústicas de elevada frequência.
Um dispositivo utilizado para produzir o fenômeno consiste basicamente de um recipiente de vidro (geralmente esférico) contendo água pura, acoplado a um circuito gerador de ultrassom capaz de produzir uma onda mecânica com frequências superiores a 20.000 Hz, ou seja, acima da faixa audível pelo ser humano.
Em virtude de uma variação controlada dessa frequência nas vibrações acústicas, a bolha de ar sofre um aumento drástico em seu volume (cerca de 1000 vezes seu valor inicial) seguido de uma redução na mesma ordem de grandeza, o que se interpreta como sendo uma implosão.
Como consequência desse ciclo expansão-contração instantânea observa-se uma elevação da temperatura nesse microponto na ordem de dezenas de milhares de graus Celsius (oC), lembrando as temperaturas da coroa solar.
[para ver um vídeo do fenômeno clique aqui]
Alguns autores afirmam a possibilidade de se chegar à ordem de milhões de graus Celsius (oC), rivalizando com as temperaturas do núcleo solar, mas tal efeito ainda não foi comprovado.
Sua interpretação tem sido polêmica e existem várias teorias que tentam explicar o fenômeno.
Aí vão alguns exemplos:
1) Universidade da Califórnia (USA)
Quando a bolha colapsa, ondas de choque esféricas são criadas. A temperatura, na ordem de milhões de graus Celsius (º C) e a pressão resultante, maiores que milhares de vezes a pressão atmosférica, fazem com que com o gás no interior da bolha se transforme em um plasma, que emite luz.
2. Universidade do Texas e Naval Postgraduate School (USA)
As ondas de choque, formadas com o colapso da bolha, induzem colisões entre as moléculas neutras do gás contido em seu interior, produzindo luz e atingindo temperaturas entre 10.000º C e 20.000ºC.
3. Instituto Meurice (Bélgica)
Ao invés de ondas de choque, as oscilações da bolha injetam pequenos jatos de líquidos eletricamente carregados em seu interior, produzindo luz.
4. Universidade do Mississipi (USA)
A alta pressão dentro da bolha faz com que a água ao seu redor congele, e a luz é produzida quando o gelo se quebra.
5. Universidade de Illinois (USA)
A teoria quântica de campos prevê (efeito Unruh) a conversão de “fótons virtuais, no vácuo, em fótons reais (que apresentam uma distribuição de energias de um corpo negro) quando um espelho é acelerado no vácuo”. A diferença no índice de refração entre a água e a superfície da bolha age como um espelho, convertendo fótons virtuais em fótons reais, quando se move devido à contração e expansão da bolha.
[Tudo isso, além de se apontar para a descoberta de um novo estado físico da matéria.]
Enquanto a polêmica continua, tal evento pode ser observado na natureza no comportamento de caça bem peculiar do camarão-de-estalo; uma espécie barulhenta dos camarões marinhos (família Alpheidae) que recebe tal nome por produzir um pico sonoro (estalo) muito forte.
Descobriu-se que esse crustáceo além da produção desse som característico, produz também ondas de choque de altíssima frequência, capaz de gerar sonoluminescência e obviamente paralisar (e, em alguns casos, até matar) suas presas.
O fenômeno da sonoluminescência é conhecido desde a década de 30, porém foi só no final da década de 1980 que deixou de ser uma simples curiosidade de laboratório, quando o cientista Felipe Gaitan, da Universidade do Mississipi, conseguiu isolar uma única bolha de ar e exibir regularidade na emissão luminosa, além de produzir temperaturas semelhantes as da coroa e da superfície solar.
Muitos cientistas começaram a ver na sonoluminescência um caminho para a produção de fusão nuclear a frio. Recordando que fusão nuclear é o mesmo processo físico que ocorre nas estrelas e nas bombas de hidrogênio, no qual dois núcleos atômicos de hidrogênio se juntam para formar um núcleo de hélio, liberando nesse processo uma grande quantidade de energia.
Também se aventa a possibilidade de usar a sonoluminescência como técnicas de purificação da água e como sistemas de propulsão para embarcações, no entanto, a ideia de, por meio desse fenômeno, se retirar o poder da energia solar de dentro de uma garrafa de água continua alimentando o sonho de alguns cientistas, enquanto que a tentativa de explica-lo de forma conclusiva tem tirado o sono de muitos outros.
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Navegando entre a literatura fantástica e a ficção especulativa Mustafá Ali Kanso, nesse seu novo livro “A Cor da Tempestade” premia o leitor com contos vigorosos onde o elemento de suspense e os finais surpreendentes concorrem com a linguagem poética repleta de lirismo que, ao mesmo tempo que encanta, comove.
Seus contos “Herdeiros dos Ventos” e “Uma carta para Guinevere” foram, em 2010, tópicos de abordagem literária do tema “Love and its Disorders” no “4th International Congress of Fundamental Psychopathology.”
Foi premiado com o primeiro lugar no Concurso Nacional de Contos da Scarium Megazine (Rio de Janeiro, 2004) pelo conto Propriedade Intelectual e com o sexto lugar pelo conto Singularis Verita.
fonte: http://hypescience.com
link: http://hypescience.com/sonoluminescencia-o-poder-do-sol-em-uma-garrafa/
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